(Por Demétrio Correia)
Já existem pessoas que, de certa forma, contestam e reprovam a deturpação da Doutrina Espírita feita no Brasil.
Mas, em muitos casos, a contestação é tão superficial que o próprio establishment do "movimento espírita" aceita tais críticas.
Daí a "fase dúbia", corrente que há 40 anos predomina no "espiritismo" brasileiro, que supostamente aceita a recuperação das bases kardecianas.
De um lado, evoca assuntos científicos, cita de José Herculano Pires ao espírito de Erasto, e faz falsos ataques à "vaticanização do Espiritismo".
De outro, porém, pregam visões igrejeiras de um sentimentalismo piegas, como se quisessem falar de milagres católicos, e exaltam deturpadores como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco.
Citam Emmanuel como se ele fosse um "filósofo" da Antiguidade, mesmo quando ele demonstra ser um obscurantista da pior espécie.
As pessoas reclamam da deturpação mas não conseguem se aprofundar nos questionamentos.
Se contentam quando os "espíritas" prometem uma "melhor compreensão" do texto de Allan Kardec e vão dormir tranquilas.
Se esquecem que a deturpação esconde milhares de armadilhas.
A falsa mediunidade de pinturas que não refletem os estilos dos diferentes pintores e apresentam uma só caligrafia como assinatura, não pode ser deixada sob vista grossa.
Assim como as falsas psicografias que destoam de aspectos pessoais do suposto autor espiritual, por mais que, também, se apresentam semelhanças.
Entender direito o texto de Allan Kardec não é suficiente, se há aceitação de tais fraudes por causa do "pão dos pobres".
No caso da adoração de Chico Xavier e Divaldo Franco, os críticos da deturpação usam como desculpa a "bondade".
Houve quem, na boa-fé, achasse que, em mediunidade, eles são "100% confiáveis".
Sabe-se que não. Eles apresentam inúmeras e gravíssimas irregularidades na suposta produção espiritual, algumas com fortes e preocupantes indícios de fraudes, alguns já comprovados.
Por isso o perigo dos críticos da deturpação aceitarem Chico Xavier e Divaldo Franco mesmo sob o esforço de recuperação das bases doutrinárias originais.
Primeiro, porque esses críticos não sabem em que aproveitar de Chico e Divaldo.
Só sabem que não vão aproveitar Emmanuel, mas ainda ficam cheios de dedos diante do caso Humberto de Campos (fraude comprovada na Internet, de forma extra-oficial).
O que eles vão aproveitar de Chico e Divaldo? A "bondade"? Em quê? Não sabem dizer.
É como alguém que diz: "não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem".
E o perigo é esse. Se você questiona a deturpação do Espiritismo e aceita os deturpadores, querendo colocá-los no pedestal, corre o risco de se render, no final, à deturpação.
Primeiro, você acredita nos postulados originais de Allan Kardec e aceita os dois "médiuns" porque eles "praticam bondade" (algo que você nem consegue dizer com clareza).
Segundo, você, sentindo simpatia por Chico e Divaldo, é tentado a ouvir ou ler seus depoimentos, já que eles são "muito bondosos" e por isso trariam "coisas boas".
Como você ainda confia nos dois, aprecia com carinho tais depoimentos.
Você então tem curiosidade de ler os livros por eles publicados, atribuídos a espíritos diversos, e se envolve com seu conteúdo.
No fim, você estará se rendendo à deturpação e não vê mais sentido em criticar o igrejismo que você tanto se queixava nas redes sociais.
Com isso, você acaba abandonando Allan Kardec e todos os seus alertas, de tão seduzido está com o feitiço religioso dos dois "médiuns".
Daí que, se você critica a deturpação da Doutrina Espírita, não deve aceitar os deturpadores mesmo sob a mais generosa desculpa.
Até porque, de "boas intenções", o "inferno" (ou melhor, o "umbral"), está cheio. Assim como nesses planos malignos também há muitas e muitas palavras belas, enfeitadas e perfumadas.
Vale tomar cautela e largar a paixão religiosa de qualquer jeito.
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