(Por Demétrio Correia)
Todo ídolo, todo palestrante "espírita" ou alguém dotado de uma liderança ou prestígio nas "casas espíritas" tem uma ilusão comum.
A de que, quando "desencarnarem", voltarão ao seio de Deus e terão um caminho mais curto para o "banquete dos puros".
Alguns, mais ambiciosos, acham que serão recebidos por autoridades celestiais, que lhes darão medalhas e condecorações.
Corais de anjos estarão prontos a interpretar cânticos de amor e fraternidade.
Amigos do mundo espiritual cercarão o ídolo "espírita", inclusive alguns que já "partiram antes".
Cerimônias pomposas serão feitas até que Jesus Cristo venha e chame o "iluminado" para a residência definitiva "junto ao Pai Maior".
Os mais modestos até admitem que "não chegou a hora" para tanto.
Mas se gabam em se julgarem no "caminho encurtado" para irem ao "reino dos puros".
Ou então se gabam em "viver só de caridade", uma "caridade" que, sabemos, dá mais cartaz ao "benfeitor" do que traz benefícios aos necessitados.
Sabemos que todo esse burburinho sobre a "bondade plena" de certos personagens "espíritas" é mito.
É uma "bondade" feita mais para impressionar as massas, através da comoção.
Ela é narrada como contos-de-fadas, lembrando a fada-madrinha do conto da Cinderela.
É o "benfeitor" que ganha mais cartaz, enquanto ele faz ajuda pouca.
Ele apenas traz os benefícios poucos ou provisórios, sem resolver profundamente a miséria, quando muito apenas evitando efeitos extremos.
Você vai a um "centro espírita" todo ano e os pobres a receberem ajuda são sempre os mesmos.
Isso expressa o fracasso da "caridade" que mais serve para promover o palestrante, o dirigente "espírita", o "médium".
Dá notas comoventes nos jornais, transforma plateias inteiras em rios de lágrimas de comoção.
Faz mães chorosas dormirem, com felicidade ingênua, louvando o "santo homem" que "se doa para o outro".
Mas se observarmos bem, os benefícios são poucos. Se tivessem sido muitos, nosso Brasil seria outro, diferente da catástrofe política e institucional em que vivemos.
Pela amplitude com que se definem os ídolos do "movimento espírita", era para sua tão festejada "caridade" ter surtido muito mais efeito do que propaganda e lágrimas de comoção.
E eles, não bastassem esse marketing da "caridade", acham que seu retorno à "pátria espiritual" será triunfante.
Mas o "retorno triunfal no além-túmulo" é uma grande ilusão.
Muitos "espíritas" que já "desencarnaram", para começar o próprio Francisco Cândido Xavier, com certeza levaram um choque violento.
Enquanto seus seguidores, movidos pelas paixões terrenas da fé religiosa, acham que seus ídolos tiveram solenidades, reviram entes queridos e foram chamados pessoalmente por Jesus para ingressarem no "reino dos puros", o que a realidade mostraria é o contrário.
Ainda não temos provas, mas a lógica nos faz preferir a tese do desencarne chocante, da morte quase traumática e altamente decepcionante.
Essa tese oferece argumentos bem mais seguros e racionais, e com certeza serão confirmados se tivermos provas de como espíritos reagem no retorno ao mundo espiritual.
É questão de esperar que a ciência ofereça vestígios desse tipo.
Afinal, as fantasias religiosas de que ídolos "espíritas" voltarão de forma triunfal revelam tão somente devaneios emocionais e histerias coletivas que podem parecer unânimes aos olhos da Terra.
Mas, vistas do "outro lado", muito provavelmente seriam consideradas uma ilusão perigosa.
Em muitos casos, "espíritas" têm um retorno ao mundo espiritual muito mais chocante do que certos tipos de aristocratas.
Há casos até de "iluminados espíritas" que levam um choque do mesmo nível que muitos tiranos.
Esperando as fortunas do céu, envaidecidos pelos devaneios da fé, os "espíritas" não sabem que lidam com um movimento religioso marcado pela desonestidade doutrinária.
Chico Xavier foi o que mais teve morte chocante, pois se esqueceu que ele deturpou, causou confusão, fez tudo errado e se iludiu achando que poderia passar por cima de seus piores e mais vergonhosos erros.
Ele viu o retorno ao mundo espiritual sem a recepção que ele tanto esperava.
É como se ele tivesse visto um deserto à sua frente.
Ninguém a acolhê-lo. E ilusões religiosas desmontadas, com o ingresso ao "reino dos puros", tão ansiosamente esperado, adiado para milênios adiante.
A ilusão religiosa pode criar falsas certezas de que seus ídolos, movidos a uma "caridade" que mais parece um espetáculo do que um projeto de ajuda ao próximo, irão para o "reino dos puros", choca aqueles que acabam retornando ao mundo espiritual.
O retorno é tão doloroso quanto o de muitos tiranos.
Imagine comparar o choque de Chico Xavier ao de um certo político austríaco.
Parece absurdo, mas um cometeu maldades e ficou traumatizado com o que fez contra a humanidade.
Mas o outro deturpou o Espiritismo, cometeu fraudes aqui e ali, causou confusões graves e depois vestiu a capa da "caridade" para, com seu balé de palavras bonitas, se achar um "quase deus".
A lógica espiritual revela que ser ídolo religioso é tão grave quanto ser um imperador político dos mais prepotentes.
Em ambos os casos, a ilusão de auto-divinização revela choques no retorno ao mundo espiritual.
E são as ilusões que tomam conta dos "espíritas" na Terra que são dissolvidas e reduzidas a nada quando ocorre a volta ao mundo espiritual.
Até a "bondade" deixa de ser desculpa, diante de muitos festejos por tão poucos benefícios.
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